Empreendedor vs. Empresário: Compreendendo as Diferenças e Impactos no Mercado

No universo dos negócios, os termos “empreendedor” e “empresário” são frequentemente utilizados de forma intercambiável, mas possuem distinções cruciais que podem impactar significativamente o sucesso e a sustentabilidade de uma empresa. Neste artigo, exploramos essas diferenças, fornecendo insights valiosos para pequenos empresários e empreendedores que desejam alavancar suas estratégias de mercado.

Definição de Empreendedor e Empresário

Empreendedor: De acordo com o renomado autor Peter Drucker, empreendedorismo é definido como a busca incansável por inovação, onde o empreendedor é aquele que busca oportunidades e se aventura em novas ideias, produtos ou serviços. O empreendedor é movido pela paixão de transformar visões em realidade, muitas vezes assumindo altos riscos em troca de potenciais recompensas significativas. Empreendedores são frequentemente os catalisadores de novas indústrias e mercados. Por exemplo, no Brasil, o ecossistema de startups cresceu significativamente, com um aumento de 207% no número de startups nos últimos seis anos, conforme dados da Associação Brasileira de Startups (ABStartups).

Empresário: Já o empresário, conforme descrito por Joseph Schumpeter, é aquele que administra e organiza uma empresa, focando em estratégias de crescimento sustentado e eficiência operacional. Enquanto o empresário também pode inovar, seu principal objetivo é manter a estabilidade e a lucratividade do negócio, gerenciando riscos de forma calculada. Empresários são essenciais para a economia por sua habilidade em manter e expandir operações de negócios estabelecidos. No Brasil, pequenas e médias empresas (PMEs) representam 99% dos negócios formais e são responsáveis por 52% dos empregos com carteira assinada, de acordo com o Sebrae.

Características Distintivas

Inovação vs. Gestão

A distinção entre inovação e gestão é fundamental para entender os diferentes papéis e abordagens de empreendedores e empresários.

  • Empreendedor: Empreendedores são agentes de mudança, sempre buscando maneiras de inovar e disruptar mercados estabelecidos. Eles são motivados pela necessidade de criar algo, seja um produto, serviço ou modelo de negócio. Exemplos notáveis incluem Steve Jobs, que não apenas fundou a Apple, mas também revolucionou várias indústrias, desde computadores pessoais até música digital e smartphones. A inovação empreendedora envolve a capacidade de ver oportunidades onde outros veem problemas, assumindo riscos significativos para transformar essas oportunidades em realidades tangíveis.

Empreendedores utilizam técnicas como “design thinking”, uma abordagem centrada no usuário que visa criar soluções inovadoras e eficazes para problemas complexos. O processo de “design thinking” envolve etapas como empatia, definição, ideação, prototipagem e teste, permitindo que empreendedores desenvolvam produtos e serviços altamente alinhados com as necessidades dos clientes.

  • Empresário: Empresários, por outro lado, focam na gestão eficiente e sustentável de uma empresa. Enquanto a inovação também pode fazer parte de suas estratégias, o principal objetivo do empresário é otimizar operações, melhorar a eficiência e garantir a lucratividade a longo prazo. Amancio Ortega, fundador da Inditex (grupo Zara), exemplifica um empresário que transformou a indústria da moda através de uma gestão logística superior e uma cadeia de suprimentos altamente eficiente. Ortega inovou na forma de produção e distribuição, mas seu foco principal sempre foi a eficiência operacional.

Os empresários utilizam ferramentas de gestão como análise SWOT OU FOFA em portugês (Forças, Fraquezas, Oportunidades, Ameaças) para avaliar a posição estratégica da empresa e tomar decisões informadas. Outras ferramentas incluem a análise de KPIs (Indicadores de Performance) e a aplicação de metodologias como Lean Management, que busca eliminar desperdícios e aumentar a produtividade.

Tolerância ao Risco

A tolerância ao risco é uma das características mais marcantes que diferencia empreendedores de empresários. Essa capacidade de lidar com a incerteza e tomar decisões corajosas pode determinar o caminho e o sucesso de um negócio.

  • Empreendedor: Empreendedores geralmente possuem uma alta tolerância ao risco. Eles estão dispostos a investir tempo, dinheiro e recursos em ideias inovadoras, mesmo quando os resultados não são garantidos. Essa disposição para assumir riscos é muitas vezes alimentada por uma forte crença em suas visões e a paixão por transformar essas visões em realidade. Elon Musk, com suas empreitadas na Tesla e SpaceX, é um exemplo notório. Musk frequentemente aposta em tecnologias emergentes e mercados não comprovados, correndo o risco de falência em diversas ocasiões, mas também colhendo recompensas significativas quando suas apostas se mostram corretas.

Estudos como o relatório do GEM (Global Entrepreneurship Monitor) indicam que a disposição para assumir riscos é um fator chave que distingue os empreendedores de outros profissionais. Essa alta tolerância ao risco está associada a uma capacidade de lidar com o fracasso e aprender com ele, uma característica essencial para a inovação contínua.

  • Empresário: Por outro lado, empresários tendem a preferir riscos calculados. Eles investem em estratégias que garantam a continuidade e o crescimento gradual da empresa. Warren Buffett, com sua abordagem de investimento cautelosa e de longo prazo, exemplifica bem essa categoria. Buffett é conhecido por suas escolhas de investimento conservadoras e bem fundamentadas, evitando setores ou empresas com altos níveis de incerteza. Ele prioriza a preservação do capital e o crescimento sustentável, refletindo uma abordagem mais metódica e menos impulsiva em comparação com os empreendedores.

A pesquisa da Harvard Business Review destaca que empresários de sucesso frequentemente adotam técnicas de gestão de risco para minimizar as incertezas. Eles usam análise de dados, planejamento estratégico e outras ferramentas de gestão para tomar decisões informadas, evitando assim os riscos excessivos.

Separação das Contas Bancárias: Pessoa Física e Pessoa Jurídica

Uma prática fundamental para qualquer empresário ou empreendedor é a separação entre as contas bancárias da pessoa física e da pessoa jurídica. Esta distinção não apenas facilita a gestão financeira, mas também é crucial para a transparência e conformidade fiscal. Segundo o Sebrae, manter contas separadas ajuda a evitar confusões na contabilidade, permite uma melhor visualização dos fluxos de caixa e facilita o cumprimento das obrigações tributárias.

Benefícios da Separação das Contas

  1. Controle Financeiro: Ao separar as finanças pessoais das empresariais, fica mais fácil monitorar as receitas e despesas da empresa, auxiliando na tomada de decisões informadas.
  2. Conformidade Fiscal: A separação ajuda a evitar problemas com a Receita Federal, garantindo que todas as transações empresariais sejam devidamente registradas e tributadas.
  3. Credibilidade: Empresas que mantêm suas finanças bem-organizadas são vistas com mais credibilidade por investidores, fornecedores e instituições financeiras, facilitando o acesso a crédito e parcerias.

Fontes como o Sebrae enfatizam a importância dessa prática para a sustentabilidade do negócio. A ausência dessa separação pode levar a complicações como a mistura de despesas pessoais com empresariais, dificultando a gestão e aumentando o risco de erros na contabilidade.

Implicações no Mercado

Os pequenos empresários e empreendedores precisam compreender suas próprias inclinações e capacidades para escolher a abordagem mais adequada. Segundo um estudo do SEBRAE, pequenas empresas lideradas por empreendedores inovadores tendem a crescer mais rapidamente, mas também enfrentam maiores taxas de falência nos primeiros anos. Por outro lado, empresas geridas por empresários com foco em gestão eficiente têm maior probabilidade de sobrevivência a longo prazo, mesmo que cresçam de forma mais lenta.

Conclusão

Compreender a diferença entre ser um empreendedor e ser um empresário pode ajudar os profissionais a alinharem suas estratégias com seus objetivos pessoais e de negócios. Ambas as figuras são essenciais para a dinâmica econômica, contribuindo de formas distintas para a inovação e sustentabilidade do mercado. Ao identificar suas forças e preferências, pequenos empresários e empreendedores podem tomar decisões mais informadas e aumentar suas chances de sucesso.

Referências Bibliográficas

  • Drucker, P. F. (1985). Innovation and Entrepreneurship: Practice and Principles. Harper & Row.
  • Schumpeter, J. A. (1934). The Theory of Economic Development: An Inquiry into Profits, Capital, Credit, Interest, and the Business Cycle. Harvard University Press.
  • SEBRAE. (2022). Empreendedorismo no Brasil: Análise de Dados e Tendências.
  • SEBRAE. (2023). Separação das Contas Bancárias: Pessoa Física e Pessoa Jurídica.
  • Global Entrepreneurship Monitor. (2023). Global Report.
  • Harvard Business Review. (2021). Managing Risks: A New Framework.

Conteúdo: Empreendedorismo, Inovação, Gestão de Risco, Gestão Profissional, Gestão de Recursos, Fluxo de Caixa, Reinvestimento, Sustentabilidade Financeira, Orientação Financeira, Planejamento Financeiro Empresarial, Finanças Empresariais, Finanças Pessoais, Pequenas e Médias Empresas, Plano de Negócios, Planejamento Financeiro Pessoal

Autor: Everton Brenda

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